quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Astro proibido

ASTRO PROIBIDO

Dependo das tuas cores,
para pintar a minha vida!
Mas tu não apareces
só para mim...
E as tuas cores
não passam despercebidas...
Cada vez que te olham
roubam-me um bocado
de ti...
E fazes-me tanta falta...
...
Sou cada vez mais,
nuvem alta,
pálida,
em dispersão
na imensidão
deste céu,
todo Teu,
que nunca deixarás
ser meu...

Escrito por João Da Cal

Mudou...

Mudou...



Unto-me dos pedaços de ti
que foram ontem
depois que desacertei o coração
e me apaixonei pela desilusão
feito um bobo tufão manso.

Urso imoral tão inocente,
acreditei ninar dentro do peito
folguedos acesos
tesões paridos
olhares proibidos
escravizando medos...

Findo-me a formiguinha
esse imenso trovão dentro do peito
tornado tudo o que desfeito
e tive noutra razão
desamando com o mesmo coração
o outro teu que eu tanto amava!





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 29/11/2007
Código do texto: T757490

Ilha

Ilha

Deitada és uma ilha E raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente

promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugadas
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente

Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro

ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias

David Mourão Ferreira

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

chorei



...Chorei na hora do banho.


A água do chuveiro levou


minhas lágrimas para tão longe...



Hoje a minha alegria espanta


todas as horas de saudade


e... pranto.



Raimundo Lonato




...chorei...

...Chorei na hora do banho.

A água do chuveiro levou

minhas lágrimas para tão longe...

Hoje a minha alegria espanta

todas as horas de saudade

e... pranto.

Raimundo Lonato

Sonho de amor



Sonho de Amor




Teu rosto reflete em meu amanhecer
Cada manhã ao despertar !
Busco teus olhos e vejo o mar
Um mar de amor onde quero estar...

Penso em teus doces beijos
Em tua pele suave como seda
Teu aroma tão doce
Como o vento da primavera...

Tua voz é como o mais belo cantar
Que chegam aos meus ouvidos
Conseguindo me enfeitiçar
Quando ouço de tua boca que só a mim irá amar...

Voce é o mar, o céu e a terra
Que todo homem sonhara em conquistar
Não sei se vivo um sonho, e se vivo !!!
Favor não me acordar...

Beijos de luz
ઇ‍ઉ♥๑Ana Flor:

Quantos mares...


Quantos mares...

Fala-me esse mar
por furiosas ondas agitadas
que pode haver melhor estrada
que não o meu naufrágio.

Um mar há dentro de mim também
que recluso e sem ninguém
viaja a mares distantes.
E longe desta praia onde habito
moram os fantasmas dos meus castigos
via-crúcis cruel que se debate
onde há mar que vai
onde há mar que vem
onde há amor que chega
onde há amor que sai.

Fala-me esse mar
em tudo o que desacredito
e cala-se no peito o grito
cheio do silêncio de minhas verdades
e saio à procura de ti
tendo em mim deixado atalhos
e um rude mar cheio do espinhos




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 28/11/2007
Código do texto: T756035

A vida devia ser assim...

A vida devia ser assim...
só reticências...
Sem ponto final.


"Se eu fosse um sinal ortográfico,
eu seria reticências...
dando margem à imaginação...
dando espaço para você fazer seu próprio fim...
abrindo um horizonte de possibilidades...
deixando sempre em aberto...sem ponto final...
Muitas vezes exclamações!
Aqui no meu mundo de reticências...
a poesia nunca tem fim... não tem ponto final,
tem continuidade nas entrelinhas das reticências ...
Tem sempre uma possibilidade...
não precisa ter fim...“

(Maga Froes)

A vida devia ser assim...

A vida devia ser assim...
só reticências...
Sem ponto final.


"Se eu fosse um sinal ortográfico,
eu seria reticências...
dando margem à imaginação...
dando espaço para você fazer seu próprio fim...
abrindo um horizonte de possibilidades...
deixando sempre em aberto...sem ponto final...
Muitas vezes exclamações!
Aqui no meu mundo de reticências...
a poesia nunca tem fim... não tem ponto final,
tem continuidade nas entrelinhas das reticências ...
Tem sempre uma possibilidade...
não precisa ter fim...“

(Maga Froes)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Visita estranha

Visita estranha



Visitam-me o peito
loucos relâmpagos
murchos crisântemos
amores desfeitos.

E sinto o cheiro das fantasias
e o mundo é um labirinto,
a alma de minha poesia,
e me trovejam dores
e provo outros sabores
e paro crias!

Pontuam-me saudades
e sou um homem frágil,
verões de piedade,
invernos de alforrias
e a chuva dá-me beijos
e o sol queima-me os desejos
e revisitam-me o peito
trovões, relâmpagos e agonias.



Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2007
Código do texto: T753212

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Não sou...

Não sou como a abelha saqueadora
que vai sugar o mel de uma flor,
  e depois de outra flor.
Sou como o negro escaravelho
que se enclausura no seio
de uma única rosa e vive
  nela até que ela feche
as pétalas sobre ele; e abafado
  neste aperto supremo,
  morre entre os braços
  da flor que elegeu. *


  (Roger Martin du Gard)

Não sou...

Não sou como a abelha saqueadora
que vai sugar o mel de uma flor,
  e depois de outra flor.
Sou como o negro escaravelho
que se enclausura no seio
de uma única rosa e vive
  nela até que ela feche
as pétalas sobre ele; e abafado
  neste aperto supremo,
  morre entre os braços
  da flor que elegeu. *


  (Roger Martin du Gard)

Lágrima e risos rencarnados

Lágrimas e risos reencarnados.

Meu corpo, pobre corpo...
está cheio de idades
e de documentos,
cheio de vontades
e de sofrimentos,
cheio de mortes
e de nascimentos
e sabe só morrer.

Mas é dadivosa a vida
e tudo o que se desfaz é esquecido
e para se viver
há de ter-se morrido
e reencarnar sorrindo
e talvez chorar depois.

Pobre corpo este meu,
um ateu que crer
tão vivo que há de morrer
quando não morrer um dia
e deixar da vida, nela a agonia
e encantar-se pra nascer feliz de novo.




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 21/11/2007
Código do texto: T745811

Os olhos sabem...


Os olhos sabem...


Quando os teus olhos olham os meus,
vêem um espólio
e sabem logo que eu os adoro
e para enfim te amar
basta tua boca me beijar
e eu beijar a tua
e esses mesmos olhos verem a lua
no céu do nosso amor.

Mas esses olhos também choram
quando qualquer dor os apavora
e nossas almas se desencantam
e é por isso que quando o meu coração manda
eu sempre obedeço
e ver-te feliz é o meu maior encanto
e dizer eu te amo
minha mais viva verdade.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2007
Código do texto: T747276

Meu coração te navega



Meu coração te navega
Flutua... no teu olhar
Como um barco que se entrega
À dança que vem do mar.

A correnteza me arrasta,
Eu vou sem querer voltar,
E enquanto a terra se afasta,
Me basta só te sonhar.

No horizonte, gaivotas
Me mostram a direção
De tantas ilhas remotas
Que habitam teu coração.

Eu deixo o barco seguir,
Nas mãos sutis do destino;
Meus sonhos querem fugir
Da solidão de um menino.

E quando eu não mais vejo
A silueta do cais,
Naufrago em cada desejo
Dos beijos que tu me dás.


(Luiz Poeta)

Desencontro



DESENCONTRO

Que língua estrangeira é esta
que me roça a flor do ouvido,
um vozear sem sentido
que nenhum sentido empresta?
Sussuro de vago tom,
reminiscência de esfinge,
voz que se julga, ou se finge
sentindo, e é apenas som.

Contracenamos por gestos,
por sorrisos, por olhares,
rodeios protocolares,
cumprimentos indigestos,
firmes aperto de mão,
passei so de braço dado,
mas por som articulado,
por palavras, isso não.
Antes morrer atolado
na mais negra solidão.

António Gedeão

Inda é cedo...

Inda é cedo...

E antes cedo do que tarde
dei-me ser gigante
entre cítaras cantantes,
e entre tudo e nada.

Vago e ecumênico a amar
e tudo o que encontro a olhar
são palavras cálidas
de bocas inda frias.

Mas ouço a outra voz
e santifica-me uma saudade
e sei que mesmo tarde
sou-me pequeno de novo.





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 23/11/2007
Código do texto: T748821

Brisa do anoitecer

Brisa do Anoitecer (Auber Fioravante Junior )


Lá vem você trazer serenidade
Para o meu cair de noite!

Leve e perfumada, acolhe meu sentimento
Projetando meu olhar para um novo horizonte,
Abrindo meus portais esquecidos, fazendo-me fruto
Da página seguinte, para ali plantar dinastias e colher
Avessos emitidos pelo coração!

Quantos quartos de milha ainda vou percorrer
Fazendo de você corda do meu cantar?

Invocando meus deuses Artesãos
Que talham suas virtudes na argila dos tempos
Convertendo palavras em simples atitudes
Que adentram nas vitrines do meu divagar!

Quisera eu ser uma brisa do anoitecer
E passar fitando sua face com pétala do amor!

Quisera eu ser parte destes versos
E dizer que não importa se chove em meus sonhos
O sol sempre estará a nossa espera!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Aspiração

Aspiração (Claudia Morett )


Um dia eu quero ser flor!
Habitar num jardim
Entre borboletas e anjos
Um dia eu quero ser anjo!
Habitar no espaço sem fim
Ser imortal, e voar!
Um dia quero voar,
Em cavalo alado sobre os rios
E os telhados, sobre a serra.
Sobre o prado!
Um dia eu quero ser terra!
Pra receber a semente, pra acolher,
Uma arvore, pra oferecer um jardim.
E um fruto!
Um dia eu quero ser fruto!
Pra te satisfazer o paladar
E escorrer em tua boca meu
Suco meu gosto!
Um dia eu quero teu gosto!
Quero teus olhos dentro dos meus.
Quero tuas mãos e teu rosto,
Um dia quero que teu amor seja pura e simplesmente meu!

Singularidade

Singularidade

Olha,
eu sou assim
meio bem vinda
meio já indo
quero o mundo para mim
e te dar todo de volta,
sou como iô-iô...
o meu sorriso é assim
meio longo
meio curto
às vezes contagia
outras é nostalgia
a minha calma é assim
meio natural
um pouco perdida
um pouco inventada
para poder ainda estar aqui
sem ter feito muita coisa errada
minha voz é assim
um pouco rouca
meio pouca
Meio linda
às vezes para na boca
outras te deixa louca
meu olhar diz por mim
às vezes pedindo
outras dando
meio cego
meio chorando
horas opaco
outras brilhando
meu cheiro
às vezes atrai
outras repele
sempre perfuma
às vezes sugere
e eu sou assim
às vezes vampira
às vezes uma gata
um pouco de tudo
Muito branca
Nunca mulata
às vezes eu amo
outras eu calo
e guardo aqui dentro
um colo vazio
cheio de almofadas
às vezes estou assim
um pouco esperando,
Outras vezes, avanço!
Outras me tranco.

Maria Cristina Barros Leite Ribeiro

A magia do luar

A MAGIA DO LUAR
Marcial Salaverry

Sentados à luz do luar,
mãos dadas a namorar...
Com a magia do luar,
fácil é se apaixonar...
Quero tua boca beijar,
teu corpo acariciar,
senti-lo de amor vibrar...
Levados pela magia do luar,
apenas de amor falar...
Ou melhor...por amor calar...
Os desejos começam a aflorar,
a temperatura aumentar...
As roupas começamos a tirar,
para que possamos nos amar...
Amar ,até não mais aguentar...
Até a matéria cansar...
A magia do luar,
que nos faz apaixonar...
Cansados, vamos repousar...
E depois...tudo recomeçar...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Lágrimas e risos reencarnados

Lágrimas e risos reencarnados.


Meu corpo, pobre corpo...
está cheio de idades
e de documentos,
cheio de vontades
e de sofrimentos,
cheio de mortes
e de nascimentos
e sabe só morrer.

Mas é dadivosa a vida
e tudo o que se desfaz é esquecido
e para se viver
há de ter-se morrido
e reencarnar sorrindo
e talvez chorar depois.

Pobre corpo este meu,
um ateu que crer
tão vivo que há de morrer
quando não morrer um dia
e deixar da vida, nela a agonia
e encantar-se pra nascer feliz de novo.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 21/11/2007
Código do texto: T745811

Amor demais...


Amor demais...

Meu bem,
há horas que em teus olhos
há felicidade
e noutras, tanta maldade
e é quando o meu amor por ti se esconde.
Mas entre tudo isso és por mim muito amada
porque em mim há também
as horas desenganadas do meu próprio amor
e é quando eu te oferto
essa mesma dor que me maltrata.

Amiga, tivemos muito tempo para amar
e mais felicidade ainda para regar
o que murchou em nós não existido.

É findo tudo agora!
Fica que eu vou-me embora,
habitar noutro peito visitado
mas deixo no teu ficado
o justo amor de um homem apaixonado
que nunca te esqueceu...





Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2007
Código do texto: T744250

Ah! eu quero ver você brilhar

Ah! Eu quero ver você brilhar
Na luz da sua vida.
Vem..
Segue a direção!
*. * .*_/\_ *. * . * .
. *. * >,"< * . *. * . *
*. * . **. * . **. * . *
Um sol nasce pra você
Rosas deixam de ser botões
Crianças chegam ao mundo
Mundo afora...
Compositores escrevem
Novas canções.

Ah! Hoje o dia irá Brilhar
Brilhar em seu coração
Iluminar seu sorriso
Brilhe!
Deixe de lado as angustias
Deixe brilhar suas emoções.


Brilhar... é saber que na vida
Você é raio de sol!
Você é luz que ilumina
A vida de muita gente,
Você é água cristalina
É força que contamina
É brilho que dissemina
O amor e sua semente.

(Sirlei L. Passolongo)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Conselho das árvores

O Conselho das Árvores (Olegário Mariano)

Sofro, luz dos meus olhos, quando dizes
Que a vida não te alenta nem conforta.
Olha o exemplo das árvores felizes
Dentro da solidão da noite morta.

Que lhes importa a dor, que lhes importa
O drama que há no fundo das raízes?
Não sentem quando o vento os ramos corta
E as folhas leva em várias diretrizes?

Que lhes importa a maldição do outono
E os dedos envolventes da garoa,
Se dão sombra às taperas no abandono?!...

Levanta os braços para o firmamento
E canta a vida porque a vida é boa
Mesmo esmagada pelo sofrimento.

Relembrando

RELEMBRANDO

Deixo-me levar
pela música que invade
à noite...
relembrando palavras
que não quero esquecer.
e distraio-me por horas
nesse mundo de sonhos,
imaginando o instante
que me faria renascer.
Posso sentir que há nele
o frescor das poesias
que não posso escrever.
.
(Rita Costa - 08.12.05 - R. Janeiro/RJ)

Sou como água

Sou como água



Sou como a água.
Nenhuma barreira poderá represar-me e impedir que me torne um oceano.
Se barrarem minha passagem colocando grandes pedras no meu leito
converter-me-ei em torrente,
em cachoeira, e saltarei impetuosa.

Se me fecharem todas as saídas,
eu me infiltrarei no subsolo.
Permanecerei oculta por algum tempo mas não tardarei a reaparecer.

Em breve estarei
jorrando através de fontes cristalinas para saciar a sede dos transeuntes.
Se me impedirem também de penetrar no subsolo,
eu me transformarei em vapor,
formarei nuvens e cobrirei o céu.
E, chegando a hora, atrairei furacão,
provocarei relâmpagos, desabarei torrencialmente,
inundarei e romperei
quaisquer diques e serei finalmente um grande oceano.

Massaharu Taniguchi

Nos altos ramos

Poema de Ricardo Reis

Nos altos ramos de árvores frondosas
O vento faz um rumor frio e alto,
Nesta floresta, em este som me perco
E sozinha medito.
Assim no mundo, acima do que sinto,
Um vento faz a vida, e a deixa, e toma,
E nada tem sentido - nem a alma
Com que penso sozinha

Prece

Prece

Do teu trono de eternos esplendores,
Derrama, meu Jesus, a luz divina,
Luz generosa e doce que propina
Vida e consolo aos pobres pecadores.

Ante os que buscam teus trabalhadores,
Auxilia a nossa alma pequenina,
Dá-lhe a crença excelsa e peregrina,
Tu que és o amor de todos os amores!

Nesta assembléia há tristes desenganos,
amargurados corações humanos,
Perdidos na descrença e na maldade...

Dá-nos a fé que vence o ceticismo,
Que o teu amor transponha o grande abismo,
Salvando-nos da sombra e da impiedade!

F.L.Bittencourt Sampaio

Vaidade

Vaidade (Florbela Espanca)

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...

E não sou nada!...
.........................................
“Se me ponho a cismar em outras eras Em que rí e cantei, em que era querida, Parece-me que foi outras esferas...“Lágrimas Ocultas (Florbela Espanca)

Olinda

Olinda

Paraíso no universo tropical
envolta pelo mar azul.
Serenidade,tranquilidade
cumplicidade com o tempo.

Ao longe surge um grito
reclames do passado.
Cadeiras nas calçadas
passeios ao entardecer.

Serenatas ao anoitecer
passeios ao luar.
Casais envoltos
na magia,dos mosteiros.

Casarões resgardam segredos
a aristocracia presente.
Convento de São Bento imponente,
mostrando ao longe Recife.

Olinda encanto natural,
com suas lendas e tradições.
Marcando a cada passo,
sua importância cultural.

Olinda,mar,céu azul
ainda hoje reflete realeza.
Magestosa,graciosa
mostrando sempre ao longe o Recife azul.

sandrah

Publicado no Recanto das Letras em 28/01/2007
Código do texto: T361815

sábado, 17 de novembro de 2007

Linda Negra



Linda Negra

Naquela noite
ficou o teu olhar branco
vagando no escuro
entre ternura e medo
teus olhos grandes
dançavam como loucos
na música do silêncio

Eu era animal e poeta
a procurar em ti
o que perdi em outra

Linda negra.

Solano Trindade, "Cantares ao Meu Povo"
"20 de novembro-Dia da Conciência Negra"

Meu coração...seu abrigo


MEU CORAÇÃO... SEU ABRIGO


Apesar da distancia
Quero que saibas e percebas
Estamos sempre tão juntos
Meu coração é seu
A ti meus pensamentos pertencem.

Quando em meu coração você se abrigou
Veio pra ficar
Daqui não vai sair
É onde para sempre vai estar
De mim a paz você roubou

Você me completa
Sem ti não sei mais viver
Aquece minha alma
Envolve todo meu ser

Olhe pra mim
Bem dentro do meu coração
É lá que enfim
Verás que você esta...!!

Cira...

Poema destinado a haver domingo

Poema destinado a haver domingo

Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.

Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.

Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.

Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre

Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.



Natália Correia

Renascer eterno

Renascer eterno

Nasci como as flores nascem,
vim de galhos tristes mas de alegres folhagens
por um belo atrevimento da vida.
Sobrevivi para fazer versos
e poeta ser sem tédio,
apenas alegre e bem feliz.
Nasci ‘inda com os olhos molhados
e tão cheio de saudades já,
do ventre de minha mãe.
Nasci como o homem e a mulher nascem
e as fêmeas parem
e os machos matam!
Nasci também como os velhos nascem
antes de ficarem cegos
e de dilapidarem-se
e da morte provarem.
Nasci como uma criança crescida
e devo morrer velho e esquecido
pelas raízes mortas das mesmas árvores
e dos ventres de onde vim.
Se de novo eu nascer,
juro acabar com esse morrer
depois que aprender a prender a eternidade.





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 17/11/2007
Código do texto: T740507

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Verdades

Verdades

Roubo do hoje a força
Fazendo nascer o amanhã.
Da janela acompanho com olhar
As nuvens do céu.
De novo a sombra sinistra
Tolda tristemente meus sonhos.

Tua imagem me acompanha
Por todos os lugares por onde ando.
E em todos os momentos
É a tua presença que espanta
As brumas do desconhecido.

Não faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei.
Liberta do invólucro físico
Devolverei a matéria ao pó de que fora feito.

Vivi meus três caminhos na terra.
Purgatório. Inferno. Céu.
Tudo de acordo com meus projetos,
Minhas atitudes,
Procurando não reincidir nos mesmos erros.

Agora - vago e espero
Entre ápodos e flagelos
O ressurgir da verdade

(Tagore)

Procura

Procura


Notas em ré maior
melodia no ar
rodopio a alma.
Pensamento voa
procuro um blue
talvez em jazz.
Quero dançar,rodopiar
brilhar,ousar.
A garoa cai
a noite vem
e você não vem.

Sandrah

Publicado no Recanto das Letras em 26/01/2007
Código do texto: T359123

VII - Da minha Aldeia

Alberto Caeiro

VII - Da Minha Aldeia


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

Jusus nos versos

Jesus nos versos

E cuida bem de mim, Jesus,
e de minha poesia,
essa que tão alegremente adoça os meus poemas
e dá-me vida e luz
e só em ti, Jesus,
acho eu os meus melhores versos.

E cuida sim deste poeta amigo
que como um castigo não declama
e ninguém o vê fora dos versos
como irmão teu e um ser que ama.
E por isso, Jesus, peço-te...
que tua misericórdia em mim derrame
enquanto fico eu aqui decerto
retirando desses mesmos versos
que ser poeta
é mais do que amar a quem nos ama.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 16/11/2007
Código do texto: T739344

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O mensageiro

O mensageiro<>♥<>

Quando acordares amanhã
Receberás um beijo meu
Levado por um colibri
Que passou por aqui
E se fez mensageiro

Quando abrires a janela
Pensarás em mim
E ficarás horas a ver o céu
A contar as nuvens
Imaginando estrelas
Que brilharam no anoitecer

E verás as rosas frescas no orvalho
Que brilham para ti, no amanhecer
Ouvirás o canto dos pássaros
O pega-pega dos pardais
Te festejando na janela

E olhararás no céu, entre as folhas
Das árvores que cercam teu jardim
E verás aquele mesmo beija-flor
Voando de flor em flor
Esperando a resposta que terás pra mim

Paulo Gondim

<>♥<><>♥<>

Poeira no vento

Poeira no Vento (Dust In The Wind - Kansas)


Eu fecho meus olhos
apenas por um momento
e o momento se foi
todos os meus sonhos
curiosamente passam diante dos meus olhos
poeira no vento
tudo o que eles são é poeira no vento

A mesma velha música
apenas uma gota d'água
em um mar infinito
tudo o que fazemos
cai em pedaços
embora nós nos recusemos a enxergar
poeira no vento
tudo o que somos é poeira no vento

Agora, não desperdice (um minuto)
nada dura para sempre
apenas a Terra e o Céu
ele (o minuto) foge
E todo o seu dinheiro
não comprará outro minuto

Poeira no vento
tudo o que somos é poeira no vento
poeira no vento
tudo isso é poeira no vento



Põe os olhos em mim

Põe os olhos em mim
Gióia Júnior
-------------------------------------------------------------------------------

Põe os olhos em mim, como a gaivota
procura o peixe sob o verde mar.
Nota a minha existência, toma nota
da minha vida com o Teu olhar.

Põe os olhos em mim, segue os meus passos
em terra firme ou revoltoso mar,
ou mesmo no silêncio dos espaços,
que eu me equilibre sob o Teu olhar!

Põe os olhos em mim quando houver saúde
ou quando a enfermidade me atacar.
Sob o vício ou nas asas da virtude
limpa minh'alma com o Teu olhar.

Põe os olhos em mim quando houver sorte
ou se eu me debater no escuro azar -
que na hora da dúvida ou da morte -
eu me ilumine pelo Teu olhar.

Pobreza ou fausto, glória ou dissabor,
princípio amigo ou desastroso fim -
que eu seja sempre mais que vencedor
com Teus olhos voltados para mim

Chuvas de verão


CHUVAS DE VERÃO
João de Almeida Neto.


Quando estas nuvens se esparramam
sobre o pampa
E em gotas claras se derramam pelo chão
Apaga o pó dos pátios pobres da
campanha
E apaga a brasa destas tardes de verão
Parece até que cada gota dessa chuva
Vem como lágrima do céu para regar
O peito triste dos que choram como as
nuvens
Sem ver a flor do coração desabrochar
Por isso gosto destas chuvas
veraneias
Que vem e chovem e se somem sem alarde
Para levar a outros campos e outras
vilas
A paz molhada que espalharam pela tarde
E como chegam vão-se as tardes
vão-se as chuvas
E vão-se os dias vai-se o tempo e a
ilusão
E vamos nós em cada sonho que se
apaga
Como se a vida fosse chuva de verão

Boas lembranças....

BOAS LEMBRANÇAS...



Não podemos reviver o que passou,
as lembranças são coisas importantes,
vivi os melhores dias de minha vida
no passado, os recordo todos os dias.
Quando estou triste recordo de fragmentos
alegres de minha infância,
de cenas de minha adolescência, de fatos de minha juventude.

Recordo de amores, que tive e amores que não tive,
recordo do riacho de areia branca e água cristalina que me banhei.
Recordo do cheiro do pé de carambola,
do cheiro da flor da laranja Bahia, da linda flor dos cafezais.

Lembro-me do boi-carreiro levando lenha no seu passo lento,
das porteiras que abri e das que deixei fechadas.
Doce lembrança da mina d’água donde ficava a taboa de lavar roupa;
do ralhar milho, do arrancar amendoim, da flor do algodão,
dos ninhos de passarinhos que visitava, das arapucas que fiz e armei.

Do apartar bezerro que adorava,
Mas o que faz mas falta são os que se foram, o passado não volta.
Mas deixa uma doce e terna lembrança,
um dor que cala fundo, mas uma dor
doce que às vezes pode fazer chorar;
uma dor que não machuca uma dor de amor.
Mas em alguns anos lembrarei também com saudades do hoje,
isso faz com que viva com mais razão de deixar boas lembranças.


Aparecido Donizetti Hernandez
14.11.2007

Brincadeira

BRINCADEIRA



Brincando tu disseste:
"A tua casa eu irei,
me espera as oito em ponto,
que por lá eu passarei!"
Por brincadeira na janela,
eu fiquei a te esperar,
e por brincadeira, imagina!
Tu vieste me buscar.
Eu desci por brincadeira,
só pra ver no que ia dar.
Com o coração aos saltos,
contigo fui me encontrar.
Encontrei-te finalmente,
e por brincadeira fingindo,
fitavas-me ternamente,
com seus lábios sorrindo.
E por incrível que pareça,
ninguém vai acreditar,
por brincadeira é certo,
tu viestes me beijar.
Nós dois abraçadinhos,
era brincadeira porém,
passiamos bem juntinhos,
sem reparar em ninguém.
Deste passeio brincadeira
para casa nós voltamos,
e talvez por asneira,
outro encontro marcamos.



( Alvaro Oliveira)

Digo-te

Digo-te

Digo-te
Das palavras
Surgem os versos;
Dos versos
Surgem os ditados;
Dos ditados
Surgem os ensinamentos
Que dizem


De cada alma surge uma pessoa;
De cada espírito
Surge seu caráter
De cada ser humano
Surge uma idéia
De cada idéia
Surge um esforço
De cada esforço
Surge uma vitória
De cada vitória
Surge o sucesso
E com o sucesso
um destino a ser seguido...


Autor ( Roberto J. Gugick )

Olhos loucos


Olhos loucos

Meus olhos correm do corpo
quando vêem meu alvoroço
ao te ver passar.
Dentro de ti vai também o que eu não vejo
mas apenas desejo
e sei onde em ti está.
Sou doido por tua doidice,
mesmo que minha meninice
não queira eu disfarçar
e meus olhos então, ao te quererem,
enchem meu coração
e é por isso que minha emoção
é a estrada por onde devo andar...




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2007
Código do texto: T736733

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O olhar fala

O olhar fala.

Em cada rosto um olhar
Uma história pra contar
Um sonho a se alcançar
Um mistério a desvendar
Um jeito de amar
Uma conquista a desejar
Uma frustração a calar
Uma busca pra se realizar

Em cada rosto, uma expressão
De dor, de amor, de compaixão
De tristeza, de alegria, de incertezas
De medo, de carinho, se solidão
De insegurança, de mansidão
De duvidas, de desespero, de espanto
De prazer, de admiração, de encanto...

Em cada rosto um olhar singular
Um jeito pessoal de se expressar
Uma maneira facial de se apresentar
Sem precisar falar...

(Ataide Lemos)

Mundo invisível

Mundo Invisível


Ao adormecer penetro
em um mundo
só meu,
onde posso ser livre,
ir e vir sem rótulos,
sem destino.

Caminhar por lugares
desejados somente por mim,
sem amarras, sem cobranças
sem arrependimentos

Nada absolutamente nada
a me condenar
Não sei se fugimos do real,
ou se nele entramos.

Não sei qual e mais autentico,
se no mundo dos sonhos
ou neste mundo visível.

IzilGallu

Há um filme


Há um filme...





Há um filme...
e passa-me cena-a-cena o coração
e comove-me a alma entristecida
no leito de qualquer lembrança vinda
que já não me traz mais essa hora tida,
sendo apenas forte despedida,
acenando-me furiosa a mão

Noutro filme chega-me mais dor ainda
e visitam-me acres lembranças
entre dores e sorrisos de amor.

Um filme parece nunca se acabar
e sei que tanto ainda há de maltratar
esse pobre coração que escreve,
sendo ele o filme,
sendo ele o verbo
de qualquer oração lembrada
no clamor de tão dura espera...

Há um filme que judia
e deixa que de mim saia a alegria
talvez para nunca mais voltar ao coração...




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código do texto: T735337

Os segredos do meu coração

OS SEGREDOS DO MEU CORAÇÃOﷲﺋﻼჱﺊﺋﷲ


Se queres conhecer os
segredos do meu coração.
É fácil.

São os segredos da poesia.
São os segredos do amor.

São as fascinações de Freud.
Com a sensibilidade de Pfister.

Se queres conhecer os
segredos do meu coração.
É fácil.

Perscrute o coração de Adão
antes da chegada de Eva.

Esquadrinhe os sonhos de Davi
ao receber a linda Abigail.

Examine os devaneios de Sansão
sucumbindo ante o olhar de Dalila.

Se queres conhecer os
segredos do meu coração.
É fácil.

Some os ideais de Paulo Apóstolo,
a energia de Felipe no deserto.

Multiplique a intimidade de João
pela lealdade do historiador Lucas.

E se ainda não identificou meus
segredos então apenas me pergunte.

Eu direi.
Mas sei que já descobriu todos!

Por: William Vicente Borges

DEUSA ESCORPIÃOﷲﺋﻼჱﺊﺋﷲ

Omissão

Omissão
By: Paulino Vergetti







Proíbo as minhas palavras
de te visitarem,
meus olhos de te enxergarem,
meus ouvidos de te ouvirem.
Improviso outra voz mesquinha
que descorajosamente nega,
escondendo de ti o que sinto.
As promessas não falam por mim
já trouxeram o amanhã para o hoje
confessando que o destino errou.
Desisto de escrever e já não posso nada.
Prendi a palavra,
fechei os olhos.
O que me há mais de existir?
Um mundo desbotado e sem pessoas,
uma ave que não voa
nada mais de mim..., nada!

Recriando mares e luas


Recriando mares e luas

Uma lua lindamente disfarçada,
estranha lua,
beijou-me os olhos com o luar
diante de um poema
que fiz para um mar ciumento
que se jogava sobre penedos tristes
com seus versos violentos
afastando os meus.

E eu, poeta multicor,
versejei minha dor
nas águas vivas do que sou...
profundas águas rebebidas,
todas minhas,
nada meu,
tudo teu
onde nós somos nós nos versos!

E refiz a lua
e refiz o mar
e declamei um último verso à praia
e vi a outra lua naufragar
no outro mar que fiz e a declamar
amando oceanicamente
firmamentos distantes,
da poesia, amantes
de mim..., apenas um versejar.

Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 05/11/2007
Código do texto: T724390

Escreve-me!

Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto de açucenas!

Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase de oração!

Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de bonitas,
Um poema de amor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então, brandas, serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

(Florbela Espanca)

Canto tudo


Canto tudo

Eu canto tudo o que me pede a alma
encarecidamente encantada,
candidamente triste,
absolutamente amada.

Canto os meus poemas
e o que me encanta e canta
e até mesmo as coisas que me desencantam.
Canto também o que em mim chora
e arrebenta e quebra argolas
e me arranca amores santos
e os manda embora.

Depois de tudo, vou-me vencido
procurar alheio abrigo
no canto dos desaparecidos
dos que amam e moram,
dos que ficam e não se apavoram
e dos que apenas passam,
com a nudez inglória do mundo
e a surdez de cada santa estrada!




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 11/11/2007
Código do texto: T732497

Cinzas mentirosas...

Cinzas mentirosas...


Minhas cinzas nasceram de mim
antes que qualquer fogo me queimasse
e distraído eu me admirasse
relembrando narcísicas viagens
que fiz para dentro de mim mesmo
entre as faíscas dos meus desejos
batendo à porta doutras minhas almas.

Tudo era a minha imagem
entre os retratos de minhas réstias,
entre as sombras de tantas festas
que me ofereciam as asas do meu anjo.

E atiçado, queimava-me o coração
deixando-me o peito em lavas
e a pele quente e afobada
vomitando aquecida em brasas,
ardidas brasas de desilusões,
ao sentir as emoções,
como se fosse tudo verdade!




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 12/11/2007
Código do texto: T733770

Oração dos namorados

ORAÇAO DOS NAMORADOS



amor, permita-me
olhar nos teus olhos
beijá-los e dele beber
toda tua emoção;
permita-me
tocar em teus lábios
e deles guardar
nos meus a sabedoria
de tuas palavras;
permita-me, por fim,
sentir o teu corpo
dele extrair
o teu perfume
e distribui-lo em mim...
porque te sentindo,
nas lágrimas e nos beijos
que preservo
e no aroma que
de ti conservo
ainda que ausente,
ainda que longe,
estarás sempre
perto e presente
na minha memória
e no meu coração !!!



Tadeu Paulo

Oração dos namorados

ORAÇAO DOS NAMORADOS



amor, permita-me
olhar nos teus olhos
beijá-los e dele beber
toda tua emoção;
permita-me
tocar em teus lábios
e deles guardar
nos meus a sabedoria
de tuas palavras;
permita-me, por fim,
sentir o teu corpo
dele extrair
o teu perfume
e distribui-lo em mim...
porque te sentindo,
nas lágrimas e nos beijos
que preservo
e no aroma que
de ti conservo
ainda que ausente,
ainda que longe,
estarás sempre
perto e presente
na minha memória
e no meu coração !!!



Tadeu Paulo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Canto tudo

Canto tudo



Eu canto tudo o que me pede a alma
encarecidamente encantada,
candidamente triste,
absolutamente amada.

Canto os meus poemas
e o que me encanta e canta
e até mesmo as coisas que me desencantam.
Canto também o que em mim chora
e arrebenta e quebra argolas
e me arranca amores santos
e os manda embora.

Depois de tudo, vou-me vencido
procurar alheio abrigo
no canto dos desaparecidos
dos que amam e moram,
dos que ficam e não se apavoram
e dos que apenas passam,
com a nudez inglória do mundo
e a surdez de cada santa estrada!




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 11/11/2007
Código do texto: T732497

Doutro jeito é melho...

Doutro jeito é melhor...

Onde mora esse teu coração
e esse teu louco amor
que vê em minha dor
a tua alegria?

E é por isso que quando choro
estou tão feliz
mas quando sorrio
estou mais triste que uma meretriz
sem cabaré e sem estrada.

E tanto me espanta
esse teu jeito
nada doce, nada meigo
de fazer amor com o meu amor,
sem carícias e sem respeito.

E se não há gozos, arruma-me outro jeito
para que deitando em tua cama
teu corpo beba o meu
e o meu abrace os teus desejos...
ambos felizes e loucamente doces...



Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 10/11/2007
Código do texto: T731584

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

CUIDADO!!!!!!!!!

Cuidado com as palavras pronunciadas em discussões e brigas, que revelem sentimentos e pensamentos que na realidade você não sente e não pensa...
Pois minutos depois, quando a raiva passar, você delas não se lembrará mais...
Porém, aquele a quem tais palavras foram dirigidas, jamais as esquecerá...

CHICO XAVIER

Alguém assim...

Alguém assim...

Será onde se encontra
Alguém que venha para mim
Que seja só meu e me faça ser só dele
Alguém que me ame
E queira ser amado
Que se entregue por completo
Sem cobranças
Receios ou medo
Alguém que me queira
Do meu jeito
Meio sonhadora
Meio maluca
Meio poeta
Alguém que seja
Alegre
Meio louco
Meio intelectual
Meio criança
Alguém que tenha
Amor pela vida
Que aprecie o som de uma música
Que goste de ler
Que ame o sol
Que adore a lua
Que goste do cheiro de terra molhada
Que se molhe comigo na chuva
E ache graça de si mesmo
Alguém que possa
Me fazer chorar de alegria
Me fazer sorrir de prazer
Que sorria e chore comigo
Que descubra a mulher em mim
Que seja simples
Humano
Amigo
Será onde se encontra
Alguém assim?

(Sal Pontes)

Sou o meu poeta!

Sou o meu poema!



Minhas palavras
falam por elas próprias
e dizem o que querem de mim
mas eu continuo assim,
esse doce vendilhão do templo
sem tempo para não me sentir
ao fazer meus versos.

É própria de mim a poesia
e por isso faço eu tantos poemas
que voam e soltam suas penas
e estão por onde passo
atravessando o deserto de alheias verdades
e os pântanos de minhas mentiras ressecadas.

É como se do céu caíssem minhas letras
e se juntassem alegres numa retreta
e meus ouvidos, ouvindo-as, se alegrassem
permitindo ao meu peito maturar-se
e aprender ainda mais a fazer versos.



Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 09/11/2007
Código do texto: T729841

Meus reinos

Meus reinos


Há um pobre rei dentro de mim
e um lindo príncipe
nobre e desejoso
para ter a alma do mundo

Há um príncipe triste também
que sem ninguém
vive sendo o rei de tudo.

Mora distante em um castelo alheio
cheio do medo de ser rei
e dos príncipes à minha volta
que volta e meia cantam
e volta e meia choram

Minha ilusão chama-se monarquia
e a minha alegria é fada sem condão
e é por isso que o meu perdão
é mais verdadeiro que o meu beijo dado.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 08/11/2007
Código do texto: T728372

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Deixa, amor?


Deixa, amor?



Permita que olhe dentro dos teus olhos,
Deixa-me por eles ver o mar,
As nuances do arco-íris,
O céu o mel,
Dentro da retina o inverso do mal,
O calor do verão,
Uma nova estação
O mundo, no fundo,
a calma, sua alma!
Deixa amor?

Deixa eu assim ficar por horas,
Fitando
Filmando, tua imaginação,
Tuas vontades
Deitada ao teu lado,
Depois do amor
Olhando teus olhos, sonhando,
Buscando
Bem lá no fundo, deles tuas necessidades
Todas as vontades,
As mais secretas
As que nem você mesmo sabe,
Deixa amor?
Deixa?
Depois disso, dormir ao seu lado,
Satisfeita, realizada, perfeita...
E ao acordar novamente te olhando
Imaginar que estou sonhando?
Deixa?

Silvana Cervantes

Fogo que arde

Fogo que Arde



Não, eu não fiquei com a alegria extasiada do amor,
fiquei só!
fiquei triste!
fiquei imensamente frustrada...
Porque fiquei sem ti!

Apenas
mais rica
pela tua loucura, tua paixão, teu amor sem fronteiras
teu vulcão!

Conheci teu fogo ardente
não conheci tua explosão!

viajei pelo teu ser mais íntimo,
pelo rio do teu segredo
pela sensualidade liberta
pelo grito do teu mêdo

mas não conheci tua explosão !

E se o Amor é fogo que arde sem se ver...(como diria o poeta Camões)

o meu, meu amor...
é uma floresta
a consumir-se nas tuas chamas

SERÁ INFERNO OU CÉU?

Luíza Caetano

Veja o Sol da felicidade...

Veja o SOL da Felicidade...


Do horizonte o sol vai surgindo, emergindo de mansinho, tranqüilo, majestoso, afugentando a noite e tomando conta do dia.

Assim é a Felicidade.

Imagine-a surgindo dentro de você, pouco e pouco, crescendo, aquecendo, afugentando as negatividades e irradiando-se por todo o seu ser.

Para que a Felicidade, o bem-estar interior e a paz surjam no seu horizonte interno, penetre o lado positivo da vida e ame o quanto puder.

A Felicidade é um SOL dentro de você.

(Lourival Lopes)

Amar

AMAR (Florbela Espanca)



Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar, aqui...além...
Mais Este e Aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!..
Prender ou desprender? É mal? É bom?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada,
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder.. pra me encontrar...

Que diremos ainda?


Eugénio de Andrade

Que diremos ainda?



Vê como de súbito o céu se fecha
sobre dunas e barcos,

e cada um de nós se volta e fixa

os olhos um no outro,

e como deles devagar escorre
a última luz sobre as areias.
Que diremos ainda? Serão palavras,

isto que aflora aos lábios?

Palavras?,este rumor tão leve

que ouvimos o dia desprender-se?

Palavras,ou luz ainda?
Palavras,não.Quem as sabia?

Foi apenas lembrança doutra luz.
Nem luz seria,apenas outro olhar.

de Mar de Setembro

Texto/verso/triste

TextoTriste / verso / triste

Hei de fazer tristes versos
e versos tristes
ainda que minh’alma gargalhe
e qualquer barulho eu embaralhe
para dele tirar minhas cartas.

E não procurem em mim
o que não possam achar
porque sou essa carta
em qualquer lugar,
por onde andar minha alma.

E hei de fazer sempre tristes versos
e em versos tristes desandar-me
escondendo a alegria que me acoitar
também envergonhada
por não saber sorrir e festejar...
a vida!




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 04/11/2007
Código do texto: T722690

Como te amo!!!

COMO TE AMO!!!

Como te amo; que da prece fiz o pranto,
Na lamúria do clamor, a voz se cala,
Recolhido no refugio do meu canto,
Em canto e pranto, a solidão me embala.

Em descompasso, ouço a voz do silêncio,
Como versos soltos que vagam pelo ar,
Sou embarcação perdida que o vento levou,
Tragada pelas águas, me afoguei por esse amor.

Tento-me salvar das águas da paixão,
Com sua força e fúria para o fundo me levou,
Hoje perdido no abismo do meu mundo,
Vivo a procura da mulher que me amou.

Sempre a amei com todo o meu fervor,
Os teus lábios de encanto e paixão,
Ao beijá-los, é o desabrochar de uma flor,
O teu sabor de mel enche meu coração.

(Poeta Mineiro)



sábado, 3 de novembro de 2007

Luas em versos

Luas em versos



Serena e nua eu vejo a noite
quando a lua passeia
e quando seu traje, o meu luar,
cai sobre o meu corpo afoito
por tantas luas outras
que nem no céu cabem.

Varo a amar por madrugadas frias
na vigília de sonhos acordados
onde tudo me é desejado
como se sonhar fosse ouvir uma serenata
para fazer amor.

E embrenho-me entre estrelas
e o sol me acorda às carreiras
porque há um dia
e preciso acordar e fazer versos
criando outras doiradas luas...



Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 30/10/2007
Código do texto: T715953

Pode ser...


Pode ser...!






E posso até vontades velhas reviver
ou até os desejos de hoje.
Posso tragar-te gole-a-gole
mas sem matar a sede
e sob o sol morrer de frio
ou agasalhar-me à beira de um rio
quando em suas águas houver fogo.

E desse calor,
pensando ter o teu amor,
ficar só e minguando
caçando outros milagres,
quiçá me abandonando.

Não me importa importar-me
mas tudo fazer e amar-me
e se chegar-me outra mulher
que tenha ela a tua alma
e teus mesmos desejos
e quem sabe assim não mate a minha sede
quando de ti sentir saudades...?




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 31/10/2007
Código do texto: T717322

Golias e Davis

Golias e Davis

Minha alma veste-se da tua
quando nós nos amamos
e, qualquer angústia minha ver-te nua
caçando as roupas do meu corpo
absorto, cálido e louco
procurando certas ruas tuas...

Meu endereço está no teu olhar
que às minhas retinas
deixa-me sorrindo
como um menino feliz a sonhar.

Gosto tanto de beijar tua boca
e feliz, deixar-te louca
pelos corpos deste meu olhar
que, atravessando o teu,
faz-me um manso pigmeu
só pra te gigantear.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 01/11/2007
Código do texto: T718720

Canção tão simples

Canção tão simples

Quem poderá domar os cavalos do vento
quem poderá domar este tropel
do pensamento
à flor da pele?

Quem poderá calar a voz do sino triste
que diz por dentro do que não se diz
a fúria em riste
do meu país?

Quem poderá proibir estas letras de chuva
que gota a gota escrevem nas vidraças
pátria viúva
a dor que passa?

Quem poderá prender os dedos farpas
que dentro da canção fazem das brisas
as armas harpas
que são precisas?

Manuel Alegre

Antes que a porta feche

Antes que a porta feche





Guardada a musa
cheirosa e bela,
abro a porta, fecho a janela,
vou correr na rua
curtindo a saudade
entre amores e sonhos,
entre canções e lágrimas,
por um amor vitimado
por tanta exclusão.

Guardada a musa,
vou-me embora
antes que tardia chegue-me a hora
e com a porta fechada
apenas me restem a estrada
ou a rua...



Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 02/11/2007
Código do texto: T720052

Ó Nossa Senhora

Ó Nossa Senhora...


Nossa Senhora de minhas tantas dores,
rogai por ela e seus dissabores
que tão distraída de mim se descuidou
mas, se pecado o for,
não deixeis que qualquer desamor
de mim se aproxime ou me maltrate
e que seja a minha arte
a arte de levar ao mundo amor.
Permiti vós que eu more entre poemas
e que saibam os outros que vale a pena
amar este poeta desamado...

Ó Nossa Senhora de minhas tantas dores,
rogai por mim depois dela
e me abri não apenas uma janela,
mas portas tantas
para que as estrelas que me encantam
possam comigo habitar infinitos céus.

E por fim, Nossa Senhora, rogai por nós
e dizei ao mundo que não nos seja um algoz,
mas a casa de uma nova felicidade.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 03/11/2007
Código do texto: T721378

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

À sua mulher antes de casar

À SUA MULHER ANTES DE CASAR





Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.

Gregório de Matos e Guerra

Buscando o Cristo Crucificado um pecador com Verdadeiro Arrependimento

Buscando o Cristo Crucificado um Pecador com Verdadeiro Arrependimento


A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

Gregório de Matos e Guerra

As coisas do senti...

As coisas do sentir....

Gerson F. Filho



Porque faço letras em pranto;
Tudo passo nas linhas do encanto.
No presentimento de um sofrer,
Que se basta, só em sentir.
Como se existir fosse só ser.
E se fosse só o prazer,
Tornar-me-ia por você,
Todo em antítese do querer.
Uma negação ao brilho sólido.
Aonde tanta luz habita e, entretanto,
Abre-se um ensejo neste flanco.
A eterna liturgia de um sonho.
Aquilo, compreendido no saber.
De ser amor, sentido sem poder.

As coisas do senti...

As coisas do sentir....

Gerson F. Filho



Porque faço letras em pranto;
Tudo passo nas linhas do encanto.
No presentimento de um sofrer,
Que se basta, só em sentir.
Como se existir fosse só ser.
E se fosse só o prazer,
Tornar-me-ia por você,
Todo em antítese do querer.
Uma negação ao brilho sólido.
Aonde tanta luz habita e, entretanto,
Abre-se um ensejo neste flanco.
A eterna liturgia de um sonho.
Aquilo, compreendido no saber.
De ser amor, sentido sem poder.