quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SACO DE FARINHA

SACO DE FARINHA
Aparecido Donizetti Hernandez




Camisa branca feita de saco de farinha alvejado...quarado,
Embornal do mesmo pano a tira-colo,
Lá se vai o menino a caminho da escolinha da vila
Caminhando na estrada de areião com seus sonhos...
Sonhos de não precisar ir a escola com tal traje,
Que para ele era ultraje.

Lá vai o menino na estrada de areião,
Perseguindo em sua mente sem saber de seu destino,
Tracejando a estrada na espera de nada.

Lá vai o menino com seus sonhos de ter e querer
Seus planos de preferir andar à cavalo,
Caçar passarinho no ninho...
Do que ir à escola com sua camisa branca de saco de farinha,
Preferia o embornal cheio de pelotas de macaúva
Em vez do "Caminho Suave".

Lá vai o menino de dedos abertos
Repletos de bicho de pé na estrada de areião,
Com sulcos profundos feitos da roda do carro de boi...
Que ele preferia ouvir o ranjer,
Do que os ensinamentos escolares,
Lá vai o menino, com seus sonhos...





terça-feira, 28 de setembro de 2010

BORDADO

BORDADO


Não tenho marcas no corpo,
mas tenho tatuado,
poro a poro,
teu nome:
letras de amor
bordadas com toques teus
em cada recanto da minha pele.



Clau Assi

SEM ENDEREÇO



SEM ENDEREÇO



O silêncio enche o quarto.
Fecho o livro de sonetos:
tão certinhos!
Quisera fossem assim meus sentimentos.
Mas não, esses transbordam,
qual pássaro que cai do ninho.
Quase chego a ouvir suas vibrações:
estou nelas ou elas estão em mim?
Com autonomia, andam, correm, atropelam...
Sempre em busca dos sonhos,
só se esquecem de que eles não têm endereço.



Basilina Pereira

POEMA SECO

POEMA SECO



Sob o manto da tarde,
o bailado das horas
prossegue
na lentidão dos dias quentes e secos
desta cidade que espreita,
agita-se e espera.
Aguarda pelo dia em que a chuva
não seja apenas uma miragem,
e a inspiração traga versos,
muitos versos: úmidos de emoção.



Basilina Pereira


NADA



NADA



Quando tudo se faz aperto
E o negrume da aflição grita
Talvez seja preciso
Não fazer nada
Nada pensar
Nem nada agir
Deixar que o nada se hospede
Que fique
Nos ensine
Limpe.
E então
Recebendo de braços aberto a claridade
Renascer.

Clau Assi

VEM


Vem!


Vem me contar um segredo
E que sua morna respiração
Chegue primeiro e
Na base do ouvido,
Que as palavras percam o sentido.

Vem!

Vem me abraçar,
Fazer todos os contatos
Dividir o mesmo quarto,
Se perca para eu te achar!

Vem!

Vem dividir essa vida
Me dar paz e acolhida
Me receber em seus braços.

Vem!

Vem viver, rir, acontecer
Compartilhar, dividir,
Se encontrar, sentir,
Olhar nos olhos....
E se deixar apaixonar,

Vem!


Betânia Uchôa

MEIO TRISTE?


MEIO TRISTE?


Meio triste não existe
Se o inteiro se completa
Por que sofrer com tristezas
Se ter alegrias
É o melhor
Que há na festa


Claudete Silveira
(Clau Poeta)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

OPÇÃO


OPÇÃO




Há algum tempo,
fechei os armários antigos,
desliguei a televisão,
rasguei os jornais velhos
e também os novos...
desfiz-me de lembranças pardacentas,
comprei cores novas para as janelas
e fiz um pacto com a felicidade.
Sei que ainda haverá dias grises,
mas eu os ungirei de laranja,
só para não desapontar o sol
e banirei todas as lágrimas,
exceto aquelas
que dão vida ao arco-íris.

Basilina Pereira

FEITO NINHO

FEITO NINHO


Como se desenha uma emoção?
Qual a cor preferida do carinho?
Eu querida lhes mostrar meu coração
que hoje tem o formato de ninho

pra acolher todos os gestos de amizade
que agradeço. Já grafei no calendário.
Isso, sim, é afeto de verdade
que enfeita este meu aniversário.



Basilina Pereira

PRIMAVERA


PRIMAVERA
Lairton Trovão de Andrade




Garbosa a primavera vem florida
Desabrochar, ligeira e colorida,
Pétalas de emoções.
Os pássaros gorjeiam bem felizes
Por entre tanto brilho e matizes
De flores aos milhões.

Borboletas vermelhas e azuis
Tornam belos jardins muitos pauís
– Pinturas de aquarelas.
Soberbo pé de ipê aqui da terra
Co´a natureza enfeita aquela serra
De flores amarelas.

Já vão se abrindo mil flores silvestres
Pra colorir, assim, vidas campestres
Com mais rara beleza.
Semeadores do solo estão sorrindo,
Debaixo deste céu de azul infindo
- Qual manto de princesa.

Nasceu a primavera em setembro
Para reinar com pompa até dezembro
– Agonia do ano.
As flores simbolizam a ternura,
Além de prenunciar grande fartura
Da estação de outono.

A rústica e alegre quaresmeira
Florescerá pujante, por inteira,
No calor do verão.
Homenagem do mês de fevereiro
Aos nascidos no signo derradeiro
– Com flores que virão.

Primavera feliz e esperançosa,
Que voltará pro ano bem viçosa
Num perene folgar.
Como o passar ligeiro da fumaça,
Para nós, o ano é vida que passa
Pra nunca mais voltar.

Oh, que Deus nos ajude! – eu bem quisera!
Quando, no ano que vem, a primavera
De novo florescer.
Quero ver você, como vejo agora,
Com vida de esperança, em nova aurora,
Num feliz renascer.
Pinhalão/PR

terça-feira, 21 de setembro de 2010

INGRATIDÃO

INGRATIDÃO
Aparecido Donizetti Hernandez




Não convivas com a ingratidão,
Se fizeres sempre algo
Para ajudar a outrem
Não espere o reconhecimento de seus atos,
Sejas altruísta, isso a ti sempre contará...

Não esperes a gratidão
Como reconhecimento de tais atos,
Espere, somente, que a ti
Seus atos o deixará em Paz.

Se a ingratidão for a única resposta a seus atos,
Entenda que há os sugadores da benevolência alheia,
Que somente aos ingratos faz mal
Não lhes dando a Paz que tu encontras
Em seus atos de benevolência e amor.
Tu que pregas a Paz,
Pratique-a em todos os seus grandes e pequenos atos

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A 'ARCAH' DO TEMPO

A “ARCAH” DO TEMPO
Aparecido Donizetti Hernandez


Conheci Hanna nas viagens pela "nau" da internet. E quantas coincidências: tínhamos os mesmos sentimentos; cruzamos, sem saber, as mesmas esperanças de viajarmos no tempo.
Na verdade, imaginávamos mesmo antes de nos conhecermos, termos estado em outros lugares, em outros momentos, onde corríamos juntos aos campos de girassóis da antiga Rússia dos Czares.
Imaginávamos antes mesmo de nos conhecermos ter caminhado na gélida retirada das tropas de Napoleão.
Tínhamos combatido a invasão dos Cristãos contra os Mouros, dançado sob o som de violinos nos acampamentos ciganos, divertido-nos em nossa tenda.
Viajamos juntos às profundezas, onde nos conhecemos ainda na formação da Terra, vindo de outra Galáxia nas curvas de tempo.
Caminhamos na tênue linha que separa a loucura da razão, enfrentamos juntos a incompreensão de estarmos em outro tempo... e estivemos juntos na fogueira da Inquisição.
Nessas viagens cavalgamos junto com Zeus em unicórnios alados, mas nunca estivemos nas festas de Baco.
Mas, nem em todas as viagens estava eu e Hanna, ela sempre foi mais propensa à viagens furtivas para conhecer outros tempos: esteve ao Templo do Rei Salomão, caminhou ao leito do Mar Vermelho, deu conselho à Moisés e sentiu o calor da ira de Deus.
Onde estava eu enquanto Hanna viajava pelo tempo?
Quando Hanna viajava sem mim, ficava preso numa gaiola dourada, como uma harpia encantada.
Essas viagens que, ainda, "arcah" em meus pensamentos, transmutando os sentimentos de continuarmos juntos às viagens no tempo. Estando juntos quase todo tempo, Transportamos as primeiras pedras à construção de Machu Picchu; vimos as virgens serem jogadas ao sacrifício.
Estávamos eu e Hanna às celebrações Incas; tomamos chocolate em taça de ouro; reverenciamos o deus Sol e cultivamos no Oriente.
Vimos Genghis Khan ser coroado imperador, participamos de seu glorioso Império e vimos sua decadência.
Viajando na relatividade do tempo, estávamos a ver as nebulosas na Via Láctea a se formarem; estivemos em Alpha Centauro e nunca nos perdemos no espaço.
Vimos juntos os anéis de Saturno se formar e planetas desaparecerem, engolidos pelos buracos negros.
Encontramos outros seres em estado evolutivo, mais adiantados que os Homens que controlam o tempo... Tempo que num só momento transporta todos os nossos sentimentos transmutando nosso corpo pelo universo. - Tempo que nunca mais me deixas trancado numa gaiola enquanto tu viajas só pelo tempo - onde eu e Hanna num só pensamento nos transportamos às viagens que somente o pensamento pode controlar o tempo, que na sua relatividade construímos nosso conhecimento da força desse momento, que cruzamos os nossos momentos nessa linha da viagem que faremos amanhã na construção do nosso tempo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

INDO AO MEU ENCONTRO


INDO AO MEU ENCONTRO
Claudete Silveira
05/02/10




Caminho sem rumo
Meus medos
estão confinados à morte
Meus segredos
Vão pro fundo do baú
Trancados a sete chaves
Sem relógio fujo do tempo
Olha em volta
vejo vultos apressados
Nem ao menos me percebem
Caminho lentamente
Penso na vida
Nas horas amargas
Que já deixei pra trás
Nos sonhos abortados
Que morreram pelo medo
De serem gerados
Caminho sem rumo
E aos poucos
Enterro as tristezas
Chuva caindo
Molha meu rosto
Lava minha alma
Faz-me renovar


Caminho...caminho...
Sem tempo cronometrado
Sem pressa
Sem hora pra voltar
Comigo segue a esperança
De que tudo
Para melhor irá mudar!!!

MOTIVAÇÃO

MOTIVAÇÃO
Basilina Pereira



Por que a poesia?
Porque ela me abre as frestas
que a rotina consolida;
porque me traz o máximo de prazer
com o mínimo de exigência;
é onde posso voar sem ter asas;
dançar com os pés fora do chão;
e abraçar a alegria de frente,
sem medo do anoitecer.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

DESTERRO

DESTERRO
Aparecido Donizetti Hernandez

Nuvem de desespero nesse desterro
Onde não molho meus pés
Nas águas do mar de minha terra.

Não vejo mais as serras...
Desterro que tirastes de mim
A beleza de ver meus amores
Ensejados na lavra do ouro
Que corre junto co'a areia
Na corrente das águas...

Desterro que não permite mais
Ver as casas de Vila Rica,
Minha Igreja
E a beira dos córregos repleta de gente
Em busca de riquezas...
Em esperança de deixar essa terra
Que hoje sem ver as serras, sei que jamais a deixaria!

Desterro que hoje somente savanas vejo
Com sua fauna que nada lembra minhas matas
E onde não há capivara e lobo-guará.

Morrerei sem revê-la,
Mas um dia meu corpo voltará a tocá-la,
Mesmo que seja sem vida
- Lá não serei esquecido, por lá ter nascido! -

Hoje meu corpo vaga pelas savanas,
Meus pensamentos vagam pelas serras da minha terra,
Donde os rios em seu leito
Carregam o ouro amarelo como o sol que queima essa terra.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

BUSCA DA FELICIDADE

BUSCA DA FELICIDADE
Aparecido Donizetti Hernandez
07/Setembro/2010 – 15h03




Buscamos a felicidade...
Qual felicidade?
A felicidade que está relacionada ao que os outros vêem,
Ou a felicidade de encontrarmos a paz interior?!
Onde o que importa é o que interiormente sentimos e os outros não vêem...

Qual o sentido da felicidade?...
São os amores, as dores, as algemas que criamos em nós mesmos
Atribuindo a outrem nossas decepções e angústias...
O que é a felicidade?!
É estarmos em paz
Ou os outros acharem que estamos em paz?...

A felicidade é a busca constante do aperfeiçoamento dos amores,
A realização da sua própria divindade
É conseguir não sucumbir às pequenas e grandes tentações...
Tentações de encontrar a felicidade na infelicidade de vossos irmãos.
Não podes esquecer que Deus fez de seu filho Homem,
Que tentações teve, e usando de seu livre arbítrio, conseguiu não sucumbí-las.

A felicidade está dentro de ti,
Onde vossa realização somente é possível dentro da realização maior,
É a realização de sua paz, da minha paz, de nossa paz,
Que se encontra dentro de ti, dentro de mim, dentro de nós...
Estamos em paz!