quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Numa Cidade qualquer

NUMA CIDADE QUALQUER


Numa cidade qualquer,
num país qualquer,
crianças choram
a ausência de brinquedos
e a saudade dos pais.

São filhos da violência,
da ganância
e da falta de flores
na vida e na alma.


Raimundo Lonato

A cor das Palavras

A COR DAS PALAVRAS


Quando o homem
perceber
a cor das palavras,
o mundo encontrará
a estética do silêncio.


Raimundo Lonato

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Quero um amor

♥♥ "Quero um amor
que seja mais que uma promessa,
seja mais que um momento.
Quero um amor
que seja mais do que sexo,
seja mais que um beijo.
Quero um amor
Que seja mais que um olhar,
mas que uma poesia com rimas.
Quero um amor
que não me pergunte aonde vou,
mas que me pergunte se vou voltar.
Quero um amor
que me faça dormir
sentindo saudades.
Quero um amor
que me faça mais sorrir do que chorar
Um amor que me traga companhia,
traga-me conforto.
Quero um amor
que sempre sonhei.
Se ele existe ou não,
não deixarei de dizer:
Quero um amor..." ♥♥



[Autora: Fabiana Thais Oliveira.]


Não teimes....








Não teimes, não insistas, não repitas,
mas vive como quem, teimando, insiste,
e, porque insiste, como que repete.

Esse das sombras o silêncio fluido
escoando-se por ti quando não passas,
parado que ouves, não mais é que o tempo
de hoje em que vives só alheias vidas,
de ti alheadas qual de ti vividas.

Por outro tempo te criaste impuro,
difuso e firme, no clamor de versos
que os tempos de hoje reconstroem como
delidas cartas um fogacho acendem.

Outro que seja, é teu, pois o escutaste
na dor de apenas ser, na dor de ouvir
quão desatentos menos homens são
os homens todos.

Teu, sem que teu seja,
que destes e dos outros se fará
serena ciência de possuírem tudo
o que juntares para ser roubado,
quando, parado no silêncio fluido,
se escoava nele o próprio estar na vida


Jorge de Sena

Dos poemas mais lindos, poetei...

Dos poemas mais lindos,
poetei...



embriagando-me em teu olhar
louco em emoção,
ergui...
um castelo de cristal,
onde te vejo luzeiro, que
inebria, matiza-me em tuas
quimeras mil, e
com a imensidão,
muitas venturas ainda vou viver,
o teu ramo é chama, erupção
sonho divino inundado de resplendor,
teu sorriso revela, ensandece
és ternura, és a amor!



(Auber Fioravante Junior)



Dizem que a paixão o conheceu

Dizem que a paixão o conheceu



Dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permaneceacordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nenhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos


(Al Berto)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Tarde,lugares


TARDE, LUGARES.


Sempre chego tarde aos lugares
onde luas cheias brilham nos lagos.

Nos meus sonhos, o amor acontece,
as águas límpidas, lavam meu corpo.

As fugas apressadas levam-me ao nada.
O amor chega abrindo suas janelas,
soltando as cores das borboletas,
as rimas dos poemas.
anjos murmuram canções.

Sinto as vibrações da calma.
Dentro da casa toda cheia de luz,
digo para mim mesmo:
a caminhada não foi tão longa assim.

Raimundo Lonato

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Possuída

POSSUÍDA
(Victtoria Rossini)

Estou possuída pela poesia
Hoje ela me acordou e disse:
_Levanta!
_Vamos dançar!!
E se pôs a me impor seu ritmo
E eu alucinada apenas a copiar
O que ela ditava entre os rodopios
De inspiração a me soprar

Ela tomou meus dedos
Se apoderou de minha mente
E eu cansada
Mas toda contente
Junto com ela
Pus-me a recitar
Ria aparvalhada frente a uma frase
Entendia suas curvas
E o seu compasso
Me embriagou

_ “Vamos querida...
_ Repouse um pouco da sua lida!
_ Eu sou humana.. Tenha compaixão!”
Mas ela toda agitada
Me olha nos olhos desconsolada
Ergue as sobrancelhas feitas a lápis
E outro poeta vai procurar...

Se acaso encontra-la
Diga que estarei aqui amanhã
Caso queira retornar.

Abstrato concreto

ABSTRATO CONCRETO.


Saudades...Saudades...
Classificada, adjetivo abstrato,
Mas com uma dor concreta.
Magoa e aperta o peito de fato.

Saudades...Saudades...
Irmã da lembrança.
Prima da recordação.
Do amor... É herança.

É um desejo de se reviver.
Algo que marcou um viver,
E não se tem agora pra ver,
Mas que nós faz sofrer.
Por querer...Por querer.

Saudades...Saudades...
O tempo é o seu transporte.
Carrega-te impiedoso,
Pra leste, oeste, sul e norte.

Mas no fundo és um comprovante.
Um documento de que fui feliz,
Quando fui seu eterno amante.
Prova que a felicidade deixa cicatriz.

Uma cicatriz mostrada pela saudade.
Transmitida pelo olhar para mundo.
Que revela com toda a sua verdade.
Um amor real, desejado e profundo.

Autor: José Augusto Silvério. ZITO

É urgente o amor

É urgente o amor.



É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

Olhos tortos...




Olhos Tortos...

O corpo de tua alma
celebra meus abstratos,
quebra meus galhos
e ao meu se iguala
fluindo com meus ventos
e parolando com os meus
silêncios.
Rogo-te:sê de carne
e se te abafar a minha
voz,
foge para bem perto de
mim
onde habitam corações
fantasiados de
fantasmas.

A alma do teu corpo é
doce
e da minha gosta
e as duas se tostam
nos arredores de um
louco fogo de amor
azedando os nossos olhos
que hão de visitar-nos
tortos
naquelas horas santas
de nós dois...




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 02/01/2008
Código do texto: T799675

Foi carinhoso...


Foi carinhoso...

Carinhoso olhar,
virtude tua
o que a tua alma cria
e teu coração cultua.
Meiguiceira face essa também tua,
a mesma que beijei
nas largas estradas em que estive ao teu lado
meiguiceiramente apaixonado
pela alma tua.

E no vinho, Baco me levou
ao teu coração apolíneo
e mesmo homem esse menino te amou.

Carinhosas mãos,
talvez por isso te dei todo o meu coração
a ver estrelas
e a cruzar tão linda estrada.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 03/01/2008
Código do texto: T800994

Palavra-marimbondo

Palavra-marimbondo

Casa de marimbondo
e manteiga no pão
e chão na mesa,
café na salada,
frases explodindo n’água,
lágrimas secas de algum
verão
deixa e leva a emoção
deste poema louco
que vende sem passar troco
e escreve sem ter ele mãos.

É assim ele, casa de
marimbondo
e água de qualquer poço,
coisa feita de estranho gosto
quando me acorda algum desgosto
e não quero escrever nada
com a mão.





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 04/01/2008
Código do texto: T802405

Onde estão teus olhos?


Onde estão teus olhos?
(Lena Siebra)

Onde estão teus lindos olhos
Que busco incessantemente
Do amanhecer ao cair da tarde
Sigo pela noite inteira
Sou o falcão que mira a presa
Do teu amor sou prisioneira

O que faz tu há essa hora
Que não vem ao meu encontro?
E tua voz que eu não ouço,
Homem menino, sorridente
Por que não vem brincar comigo
Não vê que estou carente?

Onde está você agora
Principal parte de mim?
Não vê que sem tu nada sou
Melancolia é infinita...
Minha sombra me faz companhia
Só a saudade me visita!...





sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Trigais escuros


Trigais escuros




Meus trigais
estão entre os teus joios
por quem me apaixonei tanto
que desconhecendo espantos
nunca me assustei.
Teu mal cresceu no meu
e entre escribas e fariseus
rezamos.
Dei-me a ti em um corpo
peçonhento,
entre teus afagos visguentos
como se minha sede não
quisesse água
e lambesse o sal do sol sem
ser queimada.
Meus trigais não fazem pães
como os joios que nascem
em tuas mãos
e os beijos que ardem em
nossos lábios.
O que de mim há em ti fica comigo
e no escuro de todo esquisito
abre-se a luz
no pardo dos nossos pecados.

Meus trigais estão nos teus joios
e na tua alma macerada
feita de lágrimas e de gargalhadas
que outros seres por nós dão...




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 07/01/2008
Código do texto: T806677

A lua desfilando

A lua desfilando



Que linda lua é essa então
que passando em minha janela
rouba-me o coração
e dos meus punhos o olhar
e seu cheiro deixa no luar
e feliz e ousada vai embora?

Fico a olhá-la apaixonado
ouvindo da vida seus dobrados
e no meu peito a alma ansiosa
que me fecha todas as portas
para que eu também não vá com ela .
E qualquer perfume lembra-me a lua
que vistosa voa sobre as ruas
desfilando desencantada
sendo ela a própria serenata,
o chamariz da praça
onde os casais beijam-se e abraçam-se
aplaudindo a passagem sua .




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 06/01/2008
Código do texto: T805144

Depois do sonho...







Depois do sonho...

Acuada
a mão deita e rola
entre teus canteiros
e entre um beijo e outro .
Alegre o coração festeja
e abre as portas e as janelas
de todos os teus vespeiros
a procurar mel .
Deito-me mais cedo
e sem dormir contigo
apenas sonho e assisto
ao teu corpo vir à procura do meu
e agora acordados
abraço é pouco,
beijo é esperado
e sobre o teu corpo perfumado
deixo os fedores do meu .




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2008
Código do texto: T803627

Sei um ninho




Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...


Miguel Torga

Acharei graça


Acharei graça


Um dia cantarei sorrindo
a alegria de algum rio
indo às pressas ao mar.
Uma linda canção de amor
que assim como qualquer dor
dói e passa
e não nos deixa graça
mas cicatrizes eternas,
que como o rio, sem pernas,
viajam aos oceanos,
deixando no lastro
insônias,
tristezas
e mágoas!
Um dia, assoviarei às tempestades
e brilharei como os relâmpagos das estradas
e a poesia ser-me-á canção
e assim como o meu coração
acharei em tudo a santa graça.




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 08/01/2008
Código do texto: T808078

Brasileira

Brasileira

Brasileira, gente brava
que tudo lava
e suja !
Sonhadores com biscoitos,
esses afoitos ousados que comem caviar
e nem sabem nadar
e só de futebol gostam.
Que povo divertido:
roupas rasgadas, dentes caídos...
e ainda enxergam num gigante
uma linda pátria amada, distraída,idolatrada!
Salve, salve, ó povo varonil,
sem sabão e bombril para lavar a casa e a louça.
Mítico povo tão cheio de feitiços .
O candomblé de minha bandeira
tremula em transe
e, andarilha, uma esperança fica
entre uma estória e o ouro.
Brasileira, gente nova,
sem destino e sem estrada
que tão linda viaja
e mais linda ainda canta !




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 10/01/2008
Código do texto: T811050

Distâncias ébrias



Distâncias ébrias

Perto de mim mora o longe,
o homem e o menino,
o louco e o são.
Longe de mim habitam os meus lados
um manso e atrevido,
o outro tímido e jogado.
Em meu peito aninham-se dois corações
e um grande amor adormecido
atrás de um beijo lívido
ou escuro como a madrugada.

Disto-me dos pólos de certos olhares
e vago acompanhado e vivo,
morrendo em qualquer esquisito
mesmo que não seja o meu.
Cheguem-me cheio de gentes e de saudades
porque perto de mim nada mora
e tudo vive!





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 14/01/2008
Código do texto: T816371

habite a paz




Habite a paz


Salva-me da guerra,
ó morte tua,
vem por outros caminhos
e desabita meu mundo
e vê que a alegria
é o meu silêncio fecundo
a amar a paz da vida
e a mansidão do mundo.
Leva-me às bonanças celebradas
e às casas dos amados,
aos horizontes do amor
e hei de tecer boas palavras
que matem toda dor
que assim como tu, apavora
e os mansos que habitarem
que eles não chorem
mas apenas amem
e aprendam que na paz
moram os bons homens.
Salva-me da guerra
e deixa que seja santa a terra
onde habitamos.





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 30/12/2007
Código do texto: T796836

Cavalos de esperança

Cavalos de esperança


Minhas esperanças cavalgam vivas
à procura da alegria
e da simpatia doutros versos,
versejados longe,
cantados perto!

Corro com meus sentimentos,
sentindo cada passo dado
e deixando em cada rosto beijado
um amor preterido.
Não me cansa ir longe à procura
e deixar-me livre na lucidez de tudo,
já que amo a vida,
já que amo o mundo.

Minhas esperanças são mais do que esperanças,
e cheias de bocas, elas cantam
e cheias de corações, elas amam.

Feliz cavalo trotador eu sou,
de éguas tantas e amores vários,
sou da ressurreição ao calvário
tudo o que sai e fica:
o puro amor da vida!




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 31/12/2007
Código do texto: T797830

Um coração e outro


Um coração e outro


Meu coração alegre,ri
e triste, nunca chora.
Olha,
olha,
olha,
nem vai,nem fica,
nem vai-se embora
apenas ama e adora!

E o outro coração que eu tenho?
Alegre, chora como menino
e triste afoga-se em lágrimas
mas depois gargalha e fica!

Minha alma possui dois
corações que choram...




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 28/12/2007
Código do texto: T794582


No castelo...




No castelo ponho o cotovelo
Em Alfama descanso o olhar
E assim desfaço o novelo
De azul e mar
À Ribeira encosto a cabeça
A almofada da cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
Refrão:
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que os meus olhos vêem, tão pura
Teus seios sãos as colinas, varina
Pregão que me traz à porta ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça e amada
Cidade amor da minha vida
No Terreiro eu passo por ti
Mas na Graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
A aguardente de vida e medronho

Carlos do Carmo

A morte da tribo


A morte da tribo


De minha aldeia
vejo teus índios passarem
desfilando suas penas e cocares,
entreolhando as tabas,
escondendo as ocas,
cheios das coisas dos brancos
e dos nomes das matas.
Doce inocência de tudo
e até do mal que lhes chega
e das asas que nascem
e das terras que perdem
e do medo que fica.
De suas aldeias
vejo os meus venenos,
acesos nas mãos e nos olhos,
os que depenam e matam
e nenhuma dor se afasta
e dizima-se a raça
e chora à noite à lua cheia
porque não há mas aldeia ou índio.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 29/12/2007
Código do texto: T795735

Entre luzes de amor


Entre luzes de amor



D’alva luz retiro o meu amor
e dou-te as salvas animadas
ardentemente apaixonadas
por tua alma.
Achega-te e dorme em mim
e sonha entre nós dois
e tudo o que há de vir depois
ser-nos-ão tão lindos sonhos.
Do meu peito dou-te a vida
e se és por mim amada,
nunca serás esquecida
porque o nosso amor é-me eterno.
D’alva luz ponho as luzes minha
em tuas alvas preces de euforia
quando o teu coração abraça o meu
e nós em nós tão apaixonados.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 27/12/2007
Código do texto: T793361

O tempo

O Tempo

O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.

Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava.
Era a tua, a tua voz que dizia as palavras da vida.
Era o teu rosto.
Era a tua pele.

Antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade

José Luis Peixoto

Para ser de novo...

Para ser de novo...

Cada amor uma flor,
cada abraço um beijo,
cada olhar um desejo
e cada dor duas lágrimas.

Eu vi o teu olhar passeando
e revivendo vontades
e deu-me coragem para entender
que tudo o que sentimos
pode ser verdade.

O que teu coração me diz
serve para o meu ser feliz
e de ti sentir saudades.

E se para te amar merecer sacrifício,
deixe que o meu corpo sinta
e que o meu olhar não te minta
e que o que do teu me chegar,
chegue ele para ficar
e nunca mais nada me finjas.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 09/01/2008
Código do texto: T809667

Para ser de novo...

Para ser de novo...

Cada amor uma flor,
cada abraço um beijo,
cada olhar um desejo
e cada dor duas lágrimas.

Eu vi o teu olhar passeando
e revivendo vontades
e deu-me coragem para entender
que tudo o que sentimos
pode ser verdade.

O que teu coração me diz
serve para o meu ser feliz
e de ti sentir saudades.

E se para te amar merecer sacrifício,
deixe que o meu corpo sinta
e que o meu olhar não te minta
e que o que do teu me chegar,
chegue ele para ficar
e nunca mais nada me finjas.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 09/01/2008
Código do texto: T809667

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A canção das almas


A canção das almas


Minh’alma está nua,
sedenta
e a cantar assombrada
ouvindo a voz da tua,
disparada,
disfarçada,
descantante,
muda e afastada.
Desejo para ela
a roupa de tuas canções
e o amor de nossas palavras
soletradas nas mansas madrugadas
quando nós dois cantamos a carne
que também fala
e canta
e chora
e ri
e ama.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 11/01/2008
Código do texto: T812456

Fizeram-mede quê?

Fizeram-me de quê?


Nem sei se sou ou se fui,
se gosto ou se detesto,
se faço poema ou se sou um verso,
se ainda vivo ou se já morri.
Engana-me o mundo e eu a ele
em um torvelinho de sabores
mas quando choro encontro amores
nos labirintos sorridentes do meu peito.
Dentro de algum lugar vivo descascado,
coberto de desejos e louco por afagos
desenhados em amores nus.
E o mundo eu vejo assim desse jeito
por dentro dos foras,
nos esquerdos dos meus direitos
onde a sombra do céu me enfeita e queima
e os anjos me maltratam
e a voz me cala
e o mundo eu sigo
e não há maior perigo
de eu descobrir algum dia
de que sou feito.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 12/01/2008
Código do texto: T813606

Que dia!


Que dia!


Que belo sol beija-me hoje
acariciando-me a alma,
descortinando-me o olhar.
É a vida que me diz alegre:
sê feliz e vai...
catar em qualquer lugar
o que quiseres amar
do que quiseres viver.
Há um lindo verão dentro de mim,
manso vulcão...
e sendo assim
deixo minh´alma ir passear,
criar asas dançantes
e descobrir ensolarados horizontes
e ser bela como o sol,
constante como os dias,
doce como a alegria,
feliz como este poema
e forte e viva como eu!




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 13/01/2008
Código do texto: T814933

Distâncias ébrias

Distâncias ébrias

Perto de mim mora o longe,
o homem e o menino,
o louco e o são.
Longe de mim habitam os meus lados
um manso e atrevido,
o outro tímido e jogado.
Em meu peito aninham-se dois corações
e um grande amor adormecido
atrás de um beijo lívido
ou escuro como a madrugada.

Disto-me dos pólos de certos olhares
e vago acompanhado e vivo,
morrendo em qualquer esquisito
mesmo que não seja o meu.
Cheguem-me cheio de gentes e de saudades
porque perto de mim nada mora
e tudo vive!





Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 14/01/2008
Código do texto: T816371

Penélope

Penélope

mais do que um sonho: comoção!
sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

e recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.

David Mourão Ferreira

Quando o amor acontece!

QUANDO O AMOR ACONTECE!


É quando...
Num olhar você vê estrelas
Num toque você se sente estranho
Num abraço você sente o aconchego


Você se diz amigo sem querer que isso seja real
Sente medo de saber o que aquela pessoa pensa
E sente saudades sem saber o por quê


Você diz sim querendo dizer não
De repente, tudo se torna verdadeiro e intenso
Num beijo, ambos se tornam um, num fluxo perfeito


Por isso, eu digo:
Apaixone-se sempre que puder
Abrace sempre, com toda sua força
E sinta a pessoa que lhe faz bem


Pois, a maior prova de amor
é aquela que se faz em um gesto de carinho
e deixa nosso espírito cantar a felicidade

((Caio Amaral))

Apelo

Apelo

Porque
não vens agora, que te quero
E adias esta urgencia?
Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência....

Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o imite dos mortais.

Miguel Torga

Pra você

Pra você Anjo Meu!!
No despertar desse momento...
Sigo um hino de amor
Que ecoa.
Sigo-o como a uma estrela-guia
Orientando-me nestas linhas...
Sussurro letras embebidas
Num musical celeste que entoa,
Primando por uma nova realidade
Num traçado de espontaneidade...
Sou apenas uma amiga que vos escreve
Servindo-me do amor como matéria-prima...
Adoro você.
Beijos de Luz.

Sandra Scwanka

Sou teu rei


Sou teu rei

Carrego em minhas mãos
um grande coração apaixonado,
louco por ti
e por ti, ser ele amado.
Dar-te-ei tudo de mim
mas se por acaso isso te for ruim
deixa-me dormir solitário,
mesmo que desamado.
Hei de levar meus passos
em tua única estrada livre
e maravilhar-me com o teu beijo não dado
e o teu amor desoferecido.
Mas a tua alma é minha, saiba,
e dela não abdicarei
e se não fores minha rainha,
dentro de mim serei sempre o teu rei.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 01/01/2008
Código do texto: T798698