quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O que eu fui...


O que eu fui não sou nem sou o que serei
E nada enfim que eu fosse seria o que ficou
Portanto do que fui sou tudo o que passou
E do que nunca fui, não sou nem saberei.

Dizem-me que eu sou o que eu nunca falei
Uma suposta imagem que fui, e que restou
Somando o que eu era com tudo que não sou
Restou do que não sou, as coisas que não sei

E afinal quem sou de fato eu não me atrevo
Dizer, porque terei que ser o que não devo
E deverei dizer quem fui sem o ter sido

Que tudo seja apenas no fim uma charada
Se tudo que se é for simplesmente nada
O nada será tudo, pois nada faz sentido.

(Martinho Ferreira de Lima)

Um comentário:

Viajante Alfa disse...

Dá à vida e à morte
o significado de tudo,
envolve-as em papel de embrulho
e guarda-as junto ao peito.

Lembra-te do amor e do ódio.
Dá-lhes o significado de nada,
envolve-os em teus dedos
e beija-os...