domingo, 7 de outubro de 2007

Ao autor aos seus versos

AO AUTOR AOS SEUS VERSOS.

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
Urdidos pel mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:

Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecido a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura.
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:

Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente vos e tirania:

Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
Quer na pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco.

Manuel Maria Barbosa du Bocage.

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