sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Trigais escuros


Trigais escuros




Meus trigais
estão entre os teus joios
por quem me apaixonei tanto
que desconhecendo espantos
nunca me assustei.
Teu mal cresceu no meu
e entre escribas e fariseus
rezamos.
Dei-me a ti em um corpo
peçonhento,
entre teus afagos visguentos
como se minha sede não
quisesse água
e lambesse o sal do sol sem
ser queimada.
Meus trigais não fazem pães
como os joios que nascem
em tuas mãos
e os beijos que ardem em
nossos lábios.
O que de mim há em ti fica comigo
e no escuro de todo esquisito
abre-se a luz
no pardo dos nossos pecados.

Meus trigais estão nos teus joios
e na tua alma macerada
feita de lágrimas e de gargalhadas
que outros seres por nós dão...




Paulino Vergetti Neto

Publicado no Recanto das Letras em 07/01/2008
Código do texto: T806677

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