quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Fizeram-mede quê?

Fizeram-me de quê?


Nem sei se sou ou se fui,
se gosto ou se detesto,
se faço poema ou se sou um verso,
se ainda vivo ou se já morri.
Engana-me o mundo e eu a ele
em um torvelinho de sabores
mas quando choro encontro amores
nos labirintos sorridentes do meu peito.
Dentro de algum lugar vivo descascado,
coberto de desejos e louco por afagos
desenhados em amores nus.
E o mundo eu vejo assim desse jeito
por dentro dos foras,
nos esquerdos dos meus direitos
onde a sombra do céu me enfeita e queima
e os anjos me maltratam
e a voz me cala
e o mundo eu sigo
e não há maior perigo
de eu descobrir algum dia
de que sou feito.




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 12/01/2008
Código do texto: T813606

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