sábado, 29 de agosto de 2009

Mara...

Mara sentia pássaros pousando na cabeça.
Solitária, sentia luz nos pés e nos cabelos,
a eletricidade dos relâmpagos.

Numa tarde de setembro, a previsões do tempo,
anunciavam pancadas de chuva.
A casa estava em desordem.
Os ventos levaram as roupas do varal.

Mara, linda, loura, de olhos claros,
uma mulher madura, toda nua,
rodopiava no quintal e aos gritos,
repetia o nome dos amores que a abadonaram.

Via-se em frangalhos refletidos nos espelhos do quarto e da sala.
O amor, recitado pelos trovadores,
amantes e profetas, deveria voltar àquela casa, para salvá-la.

Raimundo Lonato.

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