domingo, 10 de maio de 2009

Dor oculta

Dor oculta

Quando uma nuvem nômade distila
gotas, roçando a crista azul da serra,
umas brincam na relva; outras, tranqüilas,
serenamente entranham-se na terra.

E a gente fala da gotinha que erra
de folha em folha e, trêmula, cintila,
mas nem se lembra da que o solo encerra,
da que ficou no coração da argila.

Quanta gente, que zomba do desgosto
mudo, da angústia que não molha o rosto
e que não tomba, em gotas, pelo chão,

havia de chorar, se adivinhasse
que há lágrimas que correm pela face
e outras que rolam pelo coração.

( Guilherme de Almeida)

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