quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Passagem

Passagem


Estava perdido.
flutuava algures no limbo,
entre a vida e a não-vida.
Não via e sentia
que no aconchego em que me via
amparo não me faltava.
Mas sentia e temia e sabia
que perderia a certeza que vivia,
no momento em que o silêncio
que me envolvia
se rompesse rasgado
pelo gume afiado do tempo...
e sofria e ansiava.
E na espera dolente
do instante supremo em que tudo
terminaria,
meu ser quase ensandecia
recordando o fim com que
principiaria
uma nova romaria...
uma vida que se inicia.
Surpresa!
Eu não morria... eu nascia!

Antônio Castel – Branco

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