quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Súplicas

SÚPLICAS
Lairton Trovão de Andrade

Não me ames jamais
Pela magia dos meus olhos;
Que a luz do meu olhar
Não te seja a tramontana,
A guiar teus passos
Rumo ao norte da felicidade.

Não contemples nunca
As pétalas do meu sorriso,
Com visões de rubros pomos
De um eterno outono.
Que o timbre sonoro
De aveludada voz
Não seja sereia
A te encantar
Em visionário céu.

Jamais faças teu ninho
Nos frágeis caracóis
De cabelo algum.
Não te apaixones nunca
Por um rosto, apenas,
Onde o tempo, ainda,
Não deixou sua marca.

Que a postura artística
De um corpo atlético
Te seja descolorido sonho.
Esqueça, em tempo,
Do artificial perfume
Que te trouxe êxtases.

Não me ames jamais
Pelo tom do belo,
Que me julgas ter,
Mas que nunca tive.
Esqueça a imponência
Deste meu púlpito,
Pois tudo está passando
Com o passar das horas...

E tudo o que passa
É vaidade,
Vaidade de um tempo fortuito.
Não me ames, então,
Pelo que se transforma
E passa...
E, no tempo, morre.
Contudo,
Ama-me,
Ama-me com força irresistível!
Ama-me pela bondade
Que, porventura,
Exista em mim.
Ama-me pela felicidade
Do teu ser
E pela harmonia
Do teu viver.
Ama-me pelo caráter
Que, aos poucos,
O tempo
Foi-me edificando.
Ama-me pelo que sou
No meu espírito.
Ama-me pela essência
Da minha alma.
Então,
O teu amor
Será eterno,
E terás
Razões eternas
Para me amar
Eternamente...

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