terça-feira, 9 de junho de 2009

A Rede

A Rede

Quando eu vi, de longe, aquela rede muito branca,
Balançando docemente, balançando
Lá no alpendre deserto da fazenda,
Eu senti uma cousa bem aqui dentro do coração.

O luar, lá fora, ensaboava tudo,
Lavava os currais, lavava o terreiro,
Até ninguém ver mais.
Parecia uma noite de Natal, de tão branca,
Tão branca...

E, nisto, desci do meu cavalo, arfando.
“Boa noite!” Estava um velho; a longa barba toda
Cheia da espuma branca do sabão do luar:
“Moço, descanse. A rede”...
Obrigado.
“A rede é limpa. Nesta rede já descansou, já dormiu
Um soninho
O General Luiz Carlos Prestes”...
O luar, lá fora, iluminou mais alto.
A rede estava côncava,
Estava cheia de sonho ainda.
Prestes, decerto ali, sonhou
Um grande sonho para o Brasil...

Sidney Neto

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