Anoiteceu
- Damáris Lopes -
- Damáris Lopes -
Sorrateira, a tarde úmida anseia essência da noite
Vestes pardas, taciturnas, guardiãs ao breve açoite
Quando peito solitário, do luar sente a dor
Alvejado passageiro, sucumbe veloz a este amor.
Roubada doce face, busca fase penitente da lua
Não fui fruto semeado, nem ceifa da alma tua
E da messe tão distante, talhado restou meu plantio
Jardim aberto flutuante, sobrevoa agora o vazio.
Vãs foram as rosas coloridas desfiadas dos espinhos
Resignadas ao velho balde que perdia água e carinhos
No entardecer da tristeza, cruel o orvalho atesta
A lua que nasce brilha, mas não cede nem uma fresta.
Contundente é o momento que revira a natureza
E perverso tece a trama das pedras com proeza
Vencidos estão os dias ao passar da estação
Quem amei entardeceu, foi atalho da escuridão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário