segunda-feira, 22 de março de 2010

Bárbara de alencar, 250 anos

Dia da libertação
Caetano Ximenes Aragão


pelas vertentes da noite
a manhã já se fazia
quando Iansã abriu as grades
das cadeias da Bahia
pra ver Bárbara passar
por dentro da luz do dia

dia pleno de orixás
cavalgando a ventania
ogun oxum olorun
vento alvo alvenaria
de cabelos cor de cal
que de seu rosto escorria

do corpo dos encantados
a noite se fez em dia
tocaram todos os sinos
das igrejas da Bahia
pra ver Bárbara passar
por dentro da luz do dia




BÁRBARA DE ALENCAR, 250 ANOS


No ano em que se comemora o centenário do Dia Internacional da Mulher, o Brasil dedica também muitas homenagens ao centenário de nascimento da escritora cearense Rachel de Queiróz, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Mas uma mulher especial também deve ser motivo de muitas homenagens em 2010: Bárbara de Alencar; nascida no dia 11 de fevereiro de 1760, há 250 anos.
Bárbara de Alencar, pernambucana de nascimento em Exú e cearence por apego e afeto, foi uma das primeiras brasileiras a atuarem politicamente. Por lutar em defesa da Independência e da República, foi a primeira presa política do Brasil, em 1817. Sua conduta exemplar inspirou seus filhos, que em 1824 atuaram na Conferência do Equador, quando dois dele, Carlos de Alencar e Tristão de Ataíde, foram Mortos.
Em sua homenagem o escritor Caetano Ximenes Aragão publicou, há trinta anos, o livro Romeiro de Bárbara, cujo titulo nos remete imediata e não casualmente ao Romanceiro da Inconfidência, de Cecília de Meireles. No posfácio o autor afirma: “Este poema é uma metáfora sobre a liberdade. Nasceu em tempos de incertezas. Havia medo, exílio, prisões, torturas, homens e mulheres banidos. Bárbara Pereira de Alencar, primeira presa política do Brasil, na ordem do tempo, sofreu prisão, violência, maus tratos, exílio e teve seus bens confiscados. Mas resistiu e por isso e outras razões, é uma heroína marginalizada na História de nosso País”.
Dona Bárbara morreu em seu exílio domiciliar, no 28 de agosto, despojada de todos seus bens e moralmente enxovalhada pelo Império, porém fiel às idéias que provocaram-lhe sofrimento, mas lhe reservado um lugar honrado entre as bravas mulheres brasileiras.
Ainda não se tem notícias de homenagens a esta mulher valorosa, mas seu exemplo jamais será esquecido e sua memória haverá de ser um dia plenamente resgatada.




Copilado da Revista Presença da Mulher –Ano XXIII –nº 58 – março/2010

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