OS CIGANOS
Lairton Trovão de Andrade
Dos meus tempos de criança,
Eu me lembro dos ciganos
Que de longes terras vinham,
Tendo, por teto, o céu aberto
E, por morada derradeira,
As mais longínquas estrelas...
Oh, como me lembro
Daqueles terrenos baldios,
Daquelas tendas surradas,
Das carroças, dos cavalos,
Do ruído das bigornas
Ao crepitar da fogueira...
Lembro-me, sim,
Dos dourados tachos de cobre,
Dos ferreiros golpeando em coro,
Fazendo o ferro vibrar
Nas matinas e serenatas...
E à noite, oh, que emoção!
As ciganinhas tão lindas,
Com suas danças românticas,
Rodopiando coloridas
Em festa de tradição...
Tenho saudade tanta
Do timbre que inda me encanta,
Voz límpida de soprano,
Da cigana matriarca,
Que entoava antiga paixão,
Que fora seu ledo engano,
Sepultado num coração...
Lembro-me agora – e quanto! –
Da cigana vidente
Que, antes de ler a mão,
Lia os olhos da gente,
E , no pulso, o coração
Sentia de quem sonhava
Em ter a felicidade.
Dos ciganos, de que falo,
Que carinhoso um dia os vi,
Que o tempo os levou daqui,
Com asas de liberdade,
Só me restou lembranças
E um poema de saudade...
07/11/08.
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