AO AUTOR AOS SEUS VERSOS.
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza, e sem brandura,
Urdidos pel mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecido a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura.
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:
Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente vos e tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
Quer na pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco.
Manuel Maria Barbosa du Bocage.
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